Resenha: MÁQUINA de Eli Carrias - Por Ana Meireles
MÁQUINA,
Esta é a obra que Eleazar Venancio Carrias, autor, criou com a sua genialidade poética. Em princípio, antes da realização da leitura, me senti tragada pelo termo em seu sentido denotativo. Máquina é algo aparentemente “ frio e funcional “, sob o comando de engrenagens. Encantei com a bela urdidura de Eleazar ao desenvolver um trilho poético para mim surpreendente. Ao contrário do que inicialmente se cogita com a palavra “ Máquina “, o que se acessa na leitura é vasto e superior pela sensível habilidade do autor de se assenhorear do funcionamento de uma máquina que remete a nossa herança ancestral carcomida na ferrugem da existência. Ferrugem que aniquila as faíscas que dão luzes aos desejos.
Esse “ Máquina “ do supracitado autor, repercute no relógio do tempo, da história, da facticidade que toca a funcionalidade da matéria humana nas suas mais diversas nuances do sentir.
Não posso deixar de dizer quão prazeroso foi a leitura dos poemas, inclusive, destaco este abaixo:
protopoema
“ Imersos na tarde secular,
grandes homens de boa vontade
puxando cordas rústicas e grossas
tentam trazer o céu à Terra.
Do ponto de ônibus, Deus observa,
puxa um cigarro — acha graça.
Mas não consegue disfarçar
o brilho triste
há muito cristalizado na retina.
– Por diversos momentos senti as roldanas dos pensamentos emperrarem. Por difícil mesmo é a dor de ser solapado pela desesperança e a morte vir a guardar um lugar no corpo feito um câncer que jamais se deseja pronunciar.
Esse câncer que destrói, mata, as células benignas que motivam a vida: Nossos desejos…fazendo inexistir as faíscas da existência no seu sentido motivacional. A vida que permite um corpo carcomido se re-construir entre os escombros das dores vividas. Parabéns, Poeta Eleazar Venancio Carrias.
Ana MEIRELES - Poeta Paraense
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