O velho pai - poema de Eleazar Venancio Carrias
O VELHO PAI
Vamos, meu filho, o caminho
Não é tão longo, se tua
Casa permanece.
Parte sem medo de se perder.
Teu pai plantou nesta terra os pés,
E perdeu uma vida inteira.
Segue sempre olhando para frente.
A tentação maior é levantar a cabeça
Buscando sinais de tempestade.
Todos as estradas te são válidas.
Algumas vão encharcar teus
Sapatos, e o mais suave dos ventos
Pode entupir de areia tuas orelhas.
Quando te cansares do horizonte,
Toma uma vereda qualquer, mas
Toma-a sem pensar duas vezes.
Para quem anda, tudo é destino.
Aos homens e mulheres que encontrares,
Dá amor, cachaça e um pouco de ódio.
Um homem que só sabe amar
Não é homem, é deus.
Tão distante quanto estiveres,
Dá esta honra ao teu velho pai:
gasta tudo o que é teu.
Não faças planos nem negocia
Teu orgulho com gente de bem.
Guarda teu riso para as crianças.
Quando tiveres a minha idade,
Esquece o que te digo e, se quiseres,
Volta para casa.
Só não esquece que vieste ao mundo
Rompendo as entranhas de uma mulher.
— Eleazar Venancio Carrias
BELÍSSIMO POEMA !
ResponderExcluirMuito obrigado, Ana Meireles.
ExcluirQue bom ter nascido neste tempo que te formou!
ResponderExcluirMe alegro por isso, Benny Franklin! Obrigado pela leitura.
ExcluirLindo. Lindo. Simplesmente lindo!
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado, minha amiga. Sabes quanto tua opinião é importante pra mim.
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