Poemas de Felipe Franco Santos
Armagedom
Todos neste mundo morrerão sozinhos
De joelhos, aos pés da morte metálica
Amargaremos a destruição de nossas vidas
Não haverá coisa que reste neste mundo, Leonardo
De joelhos, aos pés da morte metálica
Amargaremos a destruição de nossas vidas
Não haverá coisa que reste neste mundo, Leonardo
Tudo neste mundo passa
Nossos amores, nossos ódios passarão
Nossas lágrimas e nossas alegrias haverão de passar
Não haverá discussão que não passe
Nem gozo que não caia na escuridão
Partirei sem escrúpulos no mundo
Pois este mundo o é imensidão
Não haverá injustiça que sane
Nem doença que tenha solução
Nossas espadas enferrujam e quebram
Por que nossos sonhos estão no esquecimento
Beberemos da fonte de nosso sangue na fronte
Da mesma forma que se ajoelhou Estevam
Coma alegremente sua comida
E beba alegremente seu vinho
Por que o Senhor já aceitou com alegria o que você faz
Por que razão haveria de me destruir?
Tudo neste mundo passa
Até as uvas passarão
La nuit devoré le mond
Existe dor e angústia neste mundo que nos foi dado para viver, Leonardo.
Os diálogos são pesados e as aspirações.
Difíceis.
Rapazes jovens voam de motocicletas em manhãs escaldantes.
E sangram até morrer sob luzes geladas de hospital.
O sangue é rubi e desce cremoso no meio do asfalto.
Calças jeans rasgadas, carne macia.
O vidro corta tudo. Me deixa pingando.
Pingarei um pouco até morrer.
O mundo que nos foi dado para viver
O castigo que deve amargar tudo aquilo que corrigiu um erro
É viver como se sua doença não tivesse existido
Um remédio para a qual não foi sentida a febre por que já passou
Suporta o peso que cabe na normalidade
As gerações que esmagaram a serpente
Amargam o veneno de, ainda vivas
Verem seus filhos ninharem os ovos
Os sãos não valorizam o bálsamo da medicação
Pois jamais enfrentaram a obliteração que causa a doença
Apenas os curados o sabem
Que mundo é esse que nos foi dado para viver?
Às vezes eu penso, Leo, que nós preferimos sustentar o insustentável de
nossas marés ressacadas
Que amargar o gosto insosso de uma praia sem ondas. Sem luz
O olhar acinzenta tudo.
Conhecer fazer perder o encanto.
Felipe Franco Santos é um autor maranhense que nasceu e mora na capital do Estado, São Luís. Atualmente com 21 anos começou a escrever seus primeiros rascunhos de ficção quando tinha apenas 17. Depois de alguns (muitos) capítulos inacabados de literatura fantástica começou a se aventurar na prosa ao relatar suas experiências diárias que tinha. Depois da prosa, a poesia acabou sendo seu conforto e agora se arrisca ao compartilhar com o mundo uma escrita amadora que até então só seus amigos mais próximos tinham a oportunidade de ler. A marca das antigas narrativas no diário ainda se visualizam no interlocutor fantasma a quem os textos são endereçados: Leo.
Variações: revista de literatura contemporânea
I X Edição - Mais Brasil que nunca
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2023
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