Maio de Trabalho, Mães, Marias, flores, saudades e esperanças - Gutemberg Armando Diniz Guerra

 

(João Lucas Angelo Guerra)


Maio de Trabalho, Mães, Marias, flores, saudades e esperanças


Gutemberg Armando Diniz Guerra

          

 Que espírito tem esse mês de maio do nascimento de minha irmã Maria no dia 13, e de dona Ester, minha mãe, aniversariante justamente no dia 20? Que vibrações fizeram saudosos queridos como meus compadres Evandro e Regina, que há dois anos atrás, ela no dia 22 e ele no dia 23 do mesmo mês e ano, atenderam ao chamado de Deus? Comecei a temer quando Nana Caymmi puxou a fila ou a rede de arrasto no dia 1º. Também se comemora, no 1º, em todo o mundo, o dia do Trabalho. 

Franco Barreto bebeu de um gole só o último príncipe maluco e viajou no dia 8. Pepe Mujica, sem fé, gostaria de ser surpreendido do outro lado, se algo realmente existisse e Divaldo Franco, também no mesmo dia 13 deu por cumprida sua missão. Soube tardiamente e por acaso do desencarne, no dia 15 de maio, de Aloisio Ribeiro de Almeida, terapeuta com quem fiz, durante mais de um ano, atividades de constelação na Essência, grupo que ele partilhava com o irmão de sangue e espírito, Dr. Alberto Almeida. No dia 22 do mesmo mês ainda em curso, acordo com a notícia de que lá se foi o Sebastião Salgado com suas admiráveis fotografias de situações humanas as mais diversas registradas em preto e branco. O medo me assaltou e eu fui resistindo, temendo abrir os canais de comunicação terrenos. Inevitável! Abri o WhatsApp no final da tarde do dia 24 de maio e lá vem notícia de que o querido Wilson Aragão nos deixou. Incrédulo, peço confirmação e me enviam já um link de noticioso dando conta desse obituário. Ainda me refazia dessa perda e sou surpreendido pela partida de Matheus Oterloo, filósofo, teólogo, militante de movimento social importante no Estado do Pará. Pedi que o mês terminasse logo, temendo mais dor e saudades, quando soube, no último dia, o 31º desse mês de maio, do falecimento de minha prima Marilene José Bastos Rossi, Leninha, muito querida. Tantas chaves de abrir e fechar vidas no mesmo mês desse ano que vem a ser um quase final de semestre carregado de embarques para a estratosfera celestial!

Ao contrário de incomodar, antes esse mês sempre foi, do que me lembro, confortável, confortante, leve, pleno de festa e celebrações luminosas. Esse ano ele veio velado de tristeza e, talvez pelo tempo meu que vai se aproximando da finitude biológica, e pelo confronto com o sumiço de outros de igual, pouco mais ou pouco menos a minha idade, ele torna-se pesado, melancólico, me impondo reflexões e inexorabilidades com as quais devo lidar, aprender a tratar com serenidade e não entrar em pânico.

Como fazer que o mês de maio seja de festas de noivas, de mães, de santas Marias de flores brancas e Rita de Cássia de rosas encarnadas? Como fazer para que ele não perca o viço de vida, esse fenômeno maravilhoso que nos faz crentes de não se acabar e, por isso, inventamos termos fugindo da ideia de fim. A gente foge sempre do triste termo, pesado, devastador, morte, e cria outros que dão leveza a essa constatação terrível de parada, interrupção, finitude. Nossos queridos não morrem! Eles descansam, viajam, partem para outro plano, dormem um sono eterno, retornam à casa do pai, desencarnam, cumprem um ciclo, viram estrelinha, são chamados por Papai do Céu, vão para uma situação melhor. Entram para a História, permanecem na memória ou permanecem como energia a habitar sob outras formas de expressão o mesmo planeta e universo em que estamos.

Todas as formas de expressão de religiosidade são, de certa forma, descrentes da morte e por isso criam um pressuposto, seja ele um deus onipotente - para quem tudo é possível -, ou leis da física que expliquem a dispersão ou a permanência da energia ou indivisibilidade dos átomos. Qualquer pressuposto racional serve para domar a dor, a saudade, a ausência, a inércia, a falta de explicação para que uma coisa tão admirável como a vida se dilua e deixe de interagir conosco como fonte de afeto e amor.

Diante de tantas perplexidades, faço contas dos dias do quinto mês do ano e busco explicações na numerologia e na astrologia para entender que conjunção cósmica estará havendo para tantos desaparecimentos de figuras importantes da história de nossa humanidade. Somo 2+0+2+5 e tiro a prova dos 9 que seria zero e estremeço. Será isso? Será que o tarô explica? E o livro do Apocalipse?

Ocorre-me que o mês de agosto, e não o de maio, é temido por conta de fatos históricos violentos que o notabilizaram em distintas épocas. Um dos fatos mais lembrados é a noite de São Bartolomeu em que católicos franceses massacraram protestantes no dia do casamento de Henrique IV de Navarra com Margot, a rainha que se tornou uma das personalidades marcantes da história de seu país por ampliar a fronteira da França incorporando parte dos Pirineus, tanto quanto pelos registros de costumes moralmente liberais da corte. O início da 1ª Guerra Mundial e a explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki também foram em agosto. No Brasil, o oitavo mês do ano é marcado pela morte de políticos importantes como Eduardo Campos, Juscelino Kubitschek e, em data dedicada a São Bartolomeu, o 24 de agosto, o Presidente Getúlio Vargas suicidou com um tiro no peito alegando pressões espúrias de forças ocultas.

Estamos falando de maio, dedicado pelos católicos a Maria desde o século XII, o que teria sido reforçado no período da colonização pelo trabalho pastoral dos jesuítas e, mais ainda, depois das aparições de Nossa Senhora a três pastorezinhos, Jacinta e Francisco Marto e Lúcia dos Santos, em 13 de maio de 1917, na Cova da Iria, em Fátima, em Portugal. No segundo domingo desse mês se celebra o dia das mães, evocando uma tradição que remonta à cultura greco romana que cultuava as deusas da fertilidade nesse mesmo mês. 

Em meio a tantas nuvens de dispersão de energias, Armandinho, filho de Fiama e João, meu afilhado, veio à luz no dia 23 de maio para alegrar e dizer que a alegria pode ser, deve ser, tem que ser permanente nesse mundo e que ele está chegando para reenergizar nossas vidas com seu sorriso e todas as peripécias que as crianças costumam aprontar! Que o mês encerrado volte no próximo ano com um balanço positivo para nós todos, e muitas vibrações positivas de vida e longevidade!

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