Os meninos azulados - poemade Edileuza Coelho de Oliveira
OS MENINOS AZULADOS
Onde começa o sangue naquele menino....?
Onde começa o menino naquele sangue...?
Incessantemente nos meninos azul-marinho...
Que vão gota a gota
Azulando os necrotérios,
Gota a gota anulando as coroas de flores,
Anulando as cruzes incandescentes do silêncio...!
Sob a espinha da noite
As balas misturam-se a nervos e ossos facheados,
Nervos e ossos dos meninos azulados...!
Atônitos, as balas estão cansadas do mesmo trajeto:
Correr atrás dos meninos acossados ....!
(Também a noite está cansada de entregar sempre à bala, a alma dos meninos azulados...!)
Ainda assim tentaram ser pescadores de homens,
Ser pescadores de letras:
Mas as barcas carregadas com os livros
Misturaram-se à areia,
Misturaram-se aos peixes,
E peixes, sim, matam a fome...!
Quem poderia acusar os meninos azulados...?
Nas minúsculas raízes da pobreza
O destino e a bala tintos da carne dos negros
Adormecem os meninos azulados
Na lapela da noite costurada de medo...!

Edileuza
Coelho de Oliveira - nasci no Mato Grosso do Sul. Cursei filosofia e letras na
UFPA. Sou artista plástica nas horas vagas e designer de jóias. Belém é minha
cidade do coração. Cresci lendo literatura de cordel. Comecei a escrever contos
de terror aos 15 anos. Sou filha de um lavrador e de uma dona de casa que
colocaram todos os filhos na Universidade. E sou de uma família com aptidões
artísticas: tenho um irmão escritor, Edson Coelho, que também é jornalista e
publicitário. E outro irmão -falecido- artista plástico e pintor.

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