ANA MEIRELES EM "QUINTA DAS CRÔNICAS"

"EU DEI PRA ELE”

Antecipando a homenagem ao Dia dos Namorados

 

A frase é sugestiva à imaginação erótica. Ela entra de chofre e vai lá, retumbante, cavoucar fantasias. À primeira leitura é uma imediata evocação, diga lá? Deixe escapar aquele sorrisinho e admita “você deu pra ele”! Mas, vamos aqui trabalhar, esmiuçar o sentido da frase e descobrir outras possibilidades e sentidos que não só “aquilo” de dar por dar. 

Você deu? Se deu e gostou, foi prazeroso e de comum desejo, esta frase te fez naturalmente sorrir. De imediato, quando teus olhos se fixaram nela, nele, lembranças chegaram aguçadas pelos sentidos, não foi?

Acompanhe comigo: Você pairou os olhos, sorriu e ficou relembrando. Lembranças foram re-nascendo em sua mente e desenhou contornos de alegria e êxtase. Considerou: 

Como é bom dar, dar Amor a alguém. Eu disse Amor, não mais nem menos que isso. E  isso é TUDO! Tudo o que se pode desejar em um relacionamento. 

Sim, EU DEI PRA ELE. E foi quando trocamos o primeiro olhar e aquela sensação de déjà vu abraçou meu corpo torturado pelo tempo de espera. Tomei dos olhos dele o primeiro gole de paixão e ele assim comigo também fez. 

Dissecamo-nos mutuamente e sem palavras, desejando um toque para além do mais profundo olhar. Foi desejo de dar à primeira vista!

Desejo que foi descendo dos olhos e abriu-se na magia do primeiro e largo sorriso, e do primeiro beijo. Como são felizes os que se amam!

Sim, sim, sim! Já ALÍ, naquele momento mágico, “eu dei pra ele e ele se deu à mim.”

Dos sentimentos, completamente nua fiquei. 

Despi-me sem zelo como jamais fiz. É sempre assim quando se dá por Amor. A calcinha, o sutiã, são acessórios sem qualquer significância. Dei pra ele, sim!

E não foi só o meu corpo, este canalizador de paixões, que dei. Seria ato vazio!

Dei, dei,dei, dei...................................................................................................................dei de Amor a pureza e o fulgor. Assim, d(o)ei a ternura, o afeto e a sua indefinida largura. 

Dei......................................................................................................

Dei a beleza que comporta a palavra no significado literal do ato de Amar. E permaneço,permanecerei dando...e infinitamente darei.......................................

Quem ama se presenteia com os olhos, com o sorriso e a alma apaziguada pela alegria de ,

saber ser generoso(a) na arte prazerosa de dar,  sem cobranças. Amar é isso!

Eu dei tudo o que minha alma esperava dar, quando fosse fisgada pelo prazer de Amar! 

Dar, é e sempre será bom demais! Quem dá, recebe de volta. E se não sucede assim, já deu demais a si, pois o Amor é a mais pura substância que se retroalimenta. “Eu dei pra ele!”

                

ANA MEIRELES - é poeta e cronista - nasceu em Icoaraci Distrito de Belém do Pará em um belo

domingo de Páscoa como dito por sua querida mãe Leila. Atualmente é servidora

pública com formação em psicologia pela UFPA. Tem diversos livros publicados,

entre poesia e crônica, esse ano faz sua publica seu primeiro livro infantil. 

curadoria e edição de marcos samuel costa

Variações revista de literatura contemporânea

2020

I edição