Impressões de Leitura sobre “Os Blues Que Não Dançamos” - Livro de Franck Santos, por Ana Meireles.

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Impressões de Leitura sobre “Os Blues Que Não Dançamos” - Livro de Franck Santos, Editora Moinhos, por Ana Meireles.


Quando se realiza uma leitura é natural que junto com ela vá nascendo um sentimento de contato com o que é lido. Esse sentimento vai tomando corpo à medida que a leitura evolui. Muitas vezes, como leitores,  nos sentimos mais próximos ou distanciados do autor. Se escrever é um ato que envolve um complexo e labiríntico modo de o escritor se fazer existir no personagem que cria, imagino que, de uma forma não integralmente análoga, o leitor também se cria no emaranhado de conjecturas, pensamentos e sentimentos, ocorrendo um estreitar que aproxima e simultaneamente cria vívidas impressões. 
Prevalece na leitura a construção de sensações que também sem dúvidas se dão com o autor. Uma espécie de mergulho que faz com que, visitando as profundezas do Eu narrador, se possa emergir imageticamente molhado pela voz autoral que conduz. 
Do que até aqui comentei , no tocante à condição de leitora, chamo de construção sensorial  a que vem das impressões que vão tomando espaço no corpo mental e que (a mim parece) tem a ver com a inevitável voz que nasce da leitura-escuta do narrador. E é isso que acho especialmente interessante, rico, emblemático, simbólico, para a aproximação que referi anteriormente, do autor-leitor e vice-versa.
Não resta dúvida que esta aproximação por mim compreendida neste termo, de apropriação do sentir, delineia caminhos-universos na mente dos leitores. 
Franck Santos é a voz que penetrou as cavernas sensíveis da minha alma, conduzindo-me para sentir “ Os Blues Que Não Dançamos”. E eu de início, sem atinar sobre o sentido do título, passei a sentir indelével o que na sua narrativa chamou de “o seu naufrágio interior” e um sobrevivente; Naufrágio permeado de expectativas, na vivência solitária em um mundo paralelo. Mundo este que faz o náufrago ou o sobrevivente , ser o escolhido, o que inconscientemente reconhece, como dito nas palavras de Caio Fernando Abreu “ uma alma deserta reconhece de imediato outra alma deserta”. Almas que esperam acontecimentos, viver o que não viveram, desvendar enigmas, obter respostas, porque sabem que 'a vida é vazia sem amor', sem dançar de corpo coladinho um blues.
Este é o romance de Franck Santos, de Bento, de Pedro. Do desejo intenso de dançar um blues, inventar o amor, transformar distâncias em proximidades, profundidades, sobreviver no vasto território da solidão. Recomendo a leitura, sensível, delicada e que me fez extrair a singular mensagem de que a vida é toda uma lição de sabermos que somos nosso próprio remédio. 

 Muito Obrigada, Franck ! 
                              Forte Abraço,
                                          Ana Meireles

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