Trecho "Infinito Quase" - romance de Wellington Ruan



Eu já sabia de tudo, não de tua boca, mas sim da boca alheia. Que tu... que tu comigo não deitaste – depois de cento e vinte dias juntos – mas que com ele, meu amigo, por três vezes gemeste e do mais não tiveste por ele não querer. Tudo em menos de cento e vinte dias – sem amor. E eu já sabia pela tua boca que era a ele quem desejavas e querias e foi a ele que acusaste de apenas uso – e te largou, pois tu querias amor e ele o calor. Mas eu cheguei com amor e de bobo fui feito. Sim, bobo sou e não negarei jamais. Fui bobo de querer te amar sim, mas tu que foste bobo, também, ao pensar que me enganaste. Nunca o fez. Pobre e podre por dentro. De ti não tenho pena – diz minha amada amiga que sua mãe a falar: quem tem pena do desgraçado, toma o seu lugar.
Pode ficar. A ti amo, mas de ti não gosto mais.



 

Wellington Ruan é professor de Inglês na rede pública do Estado do Pará e residente em Belém. Publicou pela editora Penalux, Guaratinguetá-SP, seu primeiro livro de contos em 2015, intitulado Relações da Alma e voltou a publicar em 2019 no V Anuário de Poesia Paraense com dois poemas que estão neste volume. Publica este ano Infinito Quase, seu romance de estreia, para trazer a voz de um jovem LGBT, com seus tormentos e paixões, à superfície.






curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição

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