Num bruto desejo - 03 poemas de André Siqueira
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| (Maria Helena Andrés, reprodução) |
Jazz na tua ópera
o eco do meu espirro friento
Thelonious Monk e a garoa
e no meio da rua a iminência
dos ventos desobstruindo os olhos
em vão desvairados
aperto-os obstinados no bebop
que é agora madrepérolas
eu reativo de jaqueta de recontro
nas fuzilarias com riffs lancinantes
que alegam: quedar-se febril longínquo...
passar manteiga de cacau nas veias
tépidas porque de corte em corte
na campa colhe-se a sina em si mesma
cor violeta no colo hipérbole sobe a
serra de mim a fustigar a lembrança do
happy birthday da amiga
e o bebop
Monk
os olhos em vão
consumidos
sem baixas na noite
sem baixas
já enfileirados os faróis no ponto
onde terminaste a viagem das
minhas mãos trêmulas de tanto
encontro no desassossego duma
bomba desarmada
Um musical
Quebrar os pratos, copos, verter o suco, tacar o celular no piso, grunhir com
as primeiras cãs nas mãos... Me desafina a pressa da hora que te repete, num
bruto desejo que me vem na pauta.
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| (Maria Helena Andrés, reprodução) |
Meio vagabundo
Tanto faz
Reacendi o cigarro
Afrouxei a andança
Tempo e tempo
Mais adiante
Apanhei o coração
Descasquei a mágoa
Lambi a alma
Mordi a paixão
Chupei a destruição
Até ficar o caroço
do som de uma eterna
e esperta fina lembrança
Me chamo André Siqueira e moro em Jacareí, interior de São Paulo. Já
publiquei em várias revistas, jornais, blogues e antologias de poesia.
Atualmente sou colaborador da revista de arte e literatura Pixé. Lancei em 2020
meu primeiro livro de poesia “As manhãs fechadas" pela editora Gataria.
curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição




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