Onça que te come - 02 poemas de Marcos Samuel Costa
Sou eu a onça que te come a carne
Ontem quando saí da padaria
ouvi alguém gritar: “sua bicha”
pensei que poderia ser uma onça
devorando a carne triste
dos dias longos
na paz sob sombras a incendiar
de mundos altos, ou poderia ser um jaguar
faminto num prado a jejuando
ou uma rata que correndo entre folhas secas
vinda do quintal de uma mansão
bendiz as coisas santas e nunca come
seus filhos recém-nascido mesmo com a fome lhe comendo
uma mosca varejeira, um homem e sua sujeira
que irá abrir uma igreja
então a bicha sou eu?
se for quero me chamar de onça
sentimento petrificado na tarde do amor
no sexo dos bárbaros e dos homens delicados
digam que a carne entre os dentes brilha mais
que qualquer pecado
qualquer encontro entre dois pênis
num parque entre florestas e rios
É feito luz sem foco
A noite faz sol
na memória rachada
lembrança de uma menina
triste,
árvore
o que se choca com rio
fatalmente se afoga
na véspera
do amanhecer com deus
sonho ludibriado a alumínio,
sob chamas do rio já submerso
no metal
este que risca
o pulso do dia quente
Marcos Samuel Costa - é escritor, poeta e editor.


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