QUANDO O AMOR É POSTO NA VITRINE - Crônica de Ana Meireles


QUANDO O AMOR É POSTO NA VITRINE


Nunca antes  havia escutado falar sobre este Bolsonaro , o mito. Conheci  pessoas que considerava amigas, vibrando pela vitória dele na eleição presidencial; outras, inclusive, que chegaram a criticar minha postura opositora como se eu fosse um alguém que não entendia nada de nada. De uma certa forma, estavam certas: Entender de gente, ô coisa difícil! 
De repente, amores de anos foram sendo jogados na fogueira alimentada pelos gravetos das frustrações. Era Amor? O que é o Amor, afinal? 
Bolsonaro chegou do nada e sua postura e não posturas produziu a maior dissidência da história política, dividindo os eleitores entre EleNÃO x EleSIM. A situação foi tomando proporção tal, inimaginável, que chegou ao ponto de ser insuportável pronunciar o nome dele que passou a ser: O Coiso, O Inominável, EleNÃO, etc.
Esse insuportável produziu as suas rachaduras em amizades e ditos amores. E hoje, ainda perseverando o sentimento, alguns permanecem na idolatria do Amor Bandido. Quem ainda não ouviu falar que isso ocorre : A vítima, que perde a noção de ser vítima, cair de amores pelo bandido, o que rouba até mesmo sua sensatez e razão? Daí é que vem a pergunta que não consegue calar: O que é mesmo o Amor ? 
Edmir amava tanto a sua amiga e, de repente, brochou, acabou o tesão da amizade. Que sacanagem essa terçadada no amor entre amigos, né? Mas é fato, isso muito ocorreu: Como eras linda para mim e, da noite para o dia, mais pareces uma bruxa defendendo um ser que antagoniza com o que eu sempre acreditei . Como pude não ver a incompatibilidade de amar à Deus e odiar suas criaturas? Como pude não ver que eras um cemitério inteirinho de preconceitos sustentando velhas hipocrisias? Quis muito insistir, combater o bom combate, mas reconheci: Ainda não sei amar o feio que agora enxergo em ti. Amei-te até onde me identificava contigo, mas agora não sei mais o que foi mesmo que vi e deixei de ver . E a pergunta insistente “O que é o Amor “? Me faz nesta hora recordar Paulo, o Apóstolo Gentio, em uma pequena  referência a sua epístola: “...O amor não busca os seus interesses, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade...”
Pronto, com a tua verdade não identifiquei-me ! Não sei mais o que é o Amor. Este que achava que sentia , que conhecia. Descobrir que você gostava do Bolsonaro me desmoronou em tristeza. Nosso amor foi posto na vitrine e descobrimos que ele não vale R $ 1,99. Ex My Love! 
          

ANA MEIRELES - é poeta e cronista - nasceu em Icoaraci Distrito de Belém do Pará em um belo domingo de Páscoa como dito por sua querida mãe Leila. Atualmente é servidora pública com formação em psicologia pela UFPA. Tem diversos livros publicados, entre poesia e crônica, esse ano faz sua publica seu primeiro livro infantil. 


curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição 

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