Entre lembranças... - Crônica de Ana Meireles

 

ENTRE LEMBRANÇAS...


Neste tempo de pandemia, de antes, de durante, do agora que será o depois da Covid-19, me pego muitas vezes pensando: Quem dera que o tempo voltasse a acender, pudesse fazer ressurgir o calor que um dia existiu e senti , antes de amortalhar-se no vão do passado. Não estaria agora aqui recordando nada. Estaria saboreando a alma de uma página de história de vida. E me permitiria sentir a adrenalina de uma época que se foi e dentro de mim, jamais pensaria desejar de ser. A esperança de continuidade quem nunca chegou a morrer... mas morreu muitas vezes. 

E que agora, neste lamento de hora, há produção de choro seco em lembranças. Nunca mais haveremos de ser o que já fomos, pois morremos lá , lá atrás em alguma página da vida. E embora verta água no corpo, como o vazio excruciante da saudade, nada mais poderá voltar a ser. A alma, uma acumuladora de vivências é totalmente plástica. E não há nada que se possa fazer com o que já foi e nos transformou. Somente dizer que fomos, agora somos e depois quiçá  seremos. A vida não faz retornos, por isso: Aproveitemo-la! 





ANA MEIRELES - é poeta e cronista - nasceu em Icoaraci Distrito de Belém do Pará em um belo domingo de Páscoa como dito por sua querida mãe Leila. Atualmente é servidora pública com formação em psicologia pela UFPA. Tem diversos livros publicados, entre poesia e crônica, esse ano faz sua publica seu primeiro livro infantil. 


curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição

Comentários

  1. Bela crônica. Os ditames do tempo-lugar dizem o que poderia ter sido..., (e não foi?).

    Abraço.

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