O velho pai - poema de Eleazar Venancio Carrias


 O VELHO PAI 


Vamos, meu filho, o caminho

Não é tão longo, se tua 

Casa permanece. 

Parte sem medo de se perder.

Teu pai plantou nesta terra os pés,

E perdeu uma vida inteira.

Segue sempre olhando para frente.

A tentação maior é levantar a cabeça

Buscando sinais de tempestade.

Todos as estradas te são válidas. 

Algumas vão encharcar teus

Sapatos, e o mais suave dos ventos

Pode entupir de areia tuas orelhas.

Quando te cansares do horizonte,

Toma uma vereda qualquer, mas

Toma-a sem pensar duas vezes.

Para quem anda, tudo é destino.

Aos homens e mulheres que encontrares,

Dá amor, cachaça e um pouco de ódio.

Um homem que só sabe amar

Não é homem, é deus.

Tão distante quanto estiveres,

Dá esta honra ao teu velho pai:

gasta tudo o que é teu. 

Não faças planos nem negocia

Teu orgulho com gente de bem.

Guarda teu riso para as crianças.

Quando tiveres a minha idade,

Esquece o que te digo e, se quiseres,

Volta para casa. 

Só não esquece que vieste ao mundo

Rompendo as entranhas de uma mulher.


Eleazar Venancio Carrias

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