Pai, filho e o mar - poema de marcos samuel costa
Pai, filho e o
mar
“E o que em mim cresce,
é talvez o rancor
que todo o filho, mar, tem por seu
pai”
Eugenio
Montale
Pai, eles querem parar
a força do mar com suas
mãos sujas,
pedregulhos, excertos,
não entendem que a geografia
dos litorais é movimento vivo
das águas, águas, aguça a sede
pai,
arrimo cairá
no
próximo mês de março,
onde as flores nascem mortas
e pesadas na fina e
molhada
terradas mangabeiras,
inércia
física, secas nas febres,
mas
pai, o mundo é mar
e o
mar é mundo,
máquina
de ferro e carne humana,
tudo cairá,
pai,
nós dois sabemos,
mas o mundo inteiro também sabe,
os que navegam se perdem
entre a pele lisa dos peixes,
entre as escamas duras dos acaris,
jagarajó e outras terras nos teus sonhos.
O
arrimo cairá
em
todo o litoral vazio,
quando
será nossa vez de ver a dor?
Eu temo o dia sem chão firme,
da areia correndo entre o tempo,
tempo, entre o tempo de nós dois,
o arrimo cairá
e
por isso te digo agora:
te amo.
LINDO! MARAVILHOSO POEMA!
ResponderExcluirUm texto de singular beleza, de um autor que cresce em construção a cada nova publicação. Parabéns
ResponderExcluirSem palavras, tanta beleza...
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