ENTREVISTA COM A POETA EDILEUZA COELHO DE OLIVEIRA - Por Gigio Ferreira

Edileuza Coelho de Oliveira, nasceu em Dourados, Mato Grosso do Sul, em 06 de janeiro de 1967, é meio "cosmopolita ", pois morou em vários estados do Brasil e nem sotaque definido adquiriu. Cursou Letras e Filosofia na UFPA. Mas o seu coração é paraense. Obs: ela fez um desabafo de cunho pessoal: “relutei muito em aderir às redes sociais, e quando aderi (visando apenas a literatura), percebi um movimento chato entre os artistas/escritores - existe um hermetismo muito egocêntrico, camuflado em uma "panelinha". Fiquei muito decepcionada. Os escritores competem entre si e são elitistas intelectuais. Não prestigiam uns aos outros. Acho isso algo vergonhosamente menor. Sem citar nomes.

ENTREVISTA COM A POETA EDILEUZA COELHO DE OLIVEIRA - Por Gigio Ferreira


Gigio Ferreira pergunta: Você consegue ver a palavra escrita como seiva ou como serva?

Edileuza Coelho de Oliveira responde:  A percepção do leitor é previamente acionada por sua sensibilidade e estímulos na infância. O autor é um veículo que transporta a palavra, mas se "a casa" não tiver ninguém, ele não pode "descarregar a carga.".

Gigio Ferreira pergunta:  O poeta enquanto escritor consegue mover sozinho o planeta da sua existência?

Edileuza Coelho de Oliveira responde: Acredito no mosaico de fatores: o poeta/escritor é necessariamente, um corpo tatuado de tudo que viveu e percebeu. Mas a vida é um movimento de separação - cada ciclo que recomeça uma nova história, uma nova lapidação.

Gigio Ferreira pergunta: É a tua alma que abre os textos que se transformam em poemas?

Edileuza Coelho de Oliveira responde: A intuição leva à palavra - chave no poema. Você engravida da ideia, gera, e pari o poema. Boa parte do que escrevo abriga reminiscências de minha infância interiorana. Mas, sem dúvida, estão lá Jorge Luis Borges, João Cabral de Melo Neto e Drummond.

Gigio Ferreira pergunta: A tua intuição é lenta ou rápida?

Edileuza Coelho de Oliveira responde:  Não é regra, mas já aconteceu várias vezes: um fato "embaralhado" de realidade é pescado por minha tarrafa imaginária e "processado" em imagens ficcionais. O poeta "sente " o fato é tem o insight.

Gigio Ferreira pergunta:  O poema é instrumento de nossas lutas diárias?

Edileuza Coelho de Oliveira responde:  É Inevitável. O "muro" nunca foi um lugar digno para um poeta/escritor/artista "descansar". Tampouco a direita. Somos produto de nossa contextualização histórica, social, política. Meus besouros da infância foram substituídos por bandeiras e espadas sociais. 

Gigio Ferreira pergunta:  Todo fim responde liricamente pelo seu começo?

Edileuza Coelho de Oliveira responde:  Comecei escrevendo contos de realidade mágica, histórias de encantamento com finais apocalípticos. Sugerir um final é mais sutil, mais emblemático; definir, é mais corajoso e envolve mais riscos. Tenho ótima relação com "começo, meio e fim". O que incomodará mais será sempre a minha verdade.

Gigio Ferreira pergunta: O que você achou dessa entrevista ao Jornal Crescendo em parceria com a Revista Variações?

Edileuza Coelho de Oliveira responde: Acho fenomenal que haja esse tipo de veículo descruzando os braços e fazendo o que deveria ser feito pelo Estado e suas secretárias de cultura espalhadas pelo país. Um espaço em prol da arte, da literatura. Os poetas agradecem. Grata, gratíssima!


***



Gigio Ferreira nasceu no dia 22 de junho de 1967, em Belém do Pará. Cursou Letras. Sua estreia se deu com a publicação da dramaturgia infantojuvenil, O gringo da Matinta (2014), em parceria com a escritora Miriam Daher, pela Editora Giostri-SP. Com exceção do livro O Palhaço de Arame Farpado (2016), poesia, pela Editora Penalux, as suas oito obras publicadas, foram pela Editora Giostri. Atualmente possui dezoito livros inéditos aguardando publicação.




curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
II edição

Comentários

  1. Beleza de entrevista. Adorei !
    Parabéns ao entrevistador e a Poeta entrevistada.

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  2. Edileuza é minha amiga e confidente. Somos de passar horas e horas e horas falando de poesia, de nossas poesias e de tudo o que ela falou na entrevista.
    É inteligentíssima e lindíssima a minha amiga.

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  3. Edileuza é uma grande poeta.Seus textos nos embriagam com uma linguagem singular, extremamente inteligente e contemporânea.

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  4. Edileuza é uma escritora fantástica, dessas que deveria ser conhecida do grande público, como vc diz. Amo sua escrita cortante, sensível e extremamente imagética.

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  5. Adorei a entrevista Gigio, me pareceu papo pra iniciados. Curti! E o que dizer das respostas... gosto muito da esctita da @Edileuza e adorei conhecê-la um pouquinho mais. Parabéns !

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