“INFINITO QUASE”, Romance de Wellington Ruan - resenha por Ana Meireles



“INFINITO QUASE”, Romance de Wellington Ruan publicado pela Editora Folheando, a leitura de Ana Meireles


INFINITO QUASE, deixou-me com esta sensação, a sensação que nomeia o livro. Pois os sentimentos, tônica motriz do enredo, criam uma impressão de consistência infinita e na verdade o são. Pelo menos é o que reverbera dentro de cada um de nós em diferentes expressões. No caso do autor, creio se derramar em angústia que deságua forte como se fosse verdadeira tempestade em seu mundo íntimo.  

É a voz eloquente de um jovem LGBT envolvido em conflitos de natureza existencial que afeta a todos os seres humanos em algum momento da vida.Em que tudo parece incerto, a dúvida permeia as emoções que parecem sem rumo. Quem ainda não se sentiu assim? Vendo sem se ver !

O olhar perdido, distraído em conversas consigo próprio, numa aparente divisão do Eu que em conversa, conflita sobre o que é verdadeiro, conhecido, e o desconhecido que se mistura à hipocrisia social. Como se amar, amar o outro, sem se conhecer ? Esta é a grande angústia da vida que Wellington Ruan nos expõe considerando as expectativas de um mundo, a vida, comparável a “uma selva com coisas ocultas, escondidas, e coisas à mostra, mas que não estão a nossa vista”.

O Poeta apaixona-se, mas seus sentimentos são estigmatizados. Experimenta assim, dor, extensa agonia mental. E tenta elaborar essa pungente dor pela via de uma delicada conversa com o coração. Sente que a dor lhe molda como fogo no ferro. Como crer no Amor e senti-lo por si mesmo? E não se castrar, vivê-lo em plenitude? Onde sua receita de vida vivida poderia lhe ajudar? Que não lhe deixasse rígido, um solo seco...sem saber do próprio desejo diante da vida.

Analisando a leitura realizada que é profundamente o adentrar num sentir, o autor nos brinda com reflexões muito importantes. Retiro este trecho “Eu que sou ele, eu que sou ela, eu que sou tu. Eu queria ser apenas eu...”, que remete a construção de nossa subjetividade. A subjetividade que questiona: “Eu me encontrarei no eixo certo da vida”? E seguidamente pergunta-se “Quantas paradas eu precisarei até que um dia eu me encontre ?

Achei de uma sensibilidade ímpar, cativante. INFINITO QUASE, recomendo emotivamente a leitura.


Ana Meireles 



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