DOIS POEMAS DE LUCAS COSTA
1
Vem de longe dos subterrâneos
Vem por detrás do crânio e
Destroça de dentro a consciência
Vem de traços de rostos desertos
De viscosas formas deslizáveis
Deságua uma joaninha no espelho
Pintando o ar do quarto
Polindo os ossos com borboletas
vivas
Deságua no vão livre da plataforma
Deságua em mim cada pé e cada rosto
O fogo efêmero de cada voz nômade
Que ocupa o Eu deserto
2
Uma cabeça destampada escreve no
corpo
Percorre no corpo instalando
sinapses
Os ossos pluggados nas pedras, nas
árvores e nos silêncios
Fazendo vazar sensações dos tubos pendurados em O2
Enviados pelos olhos às papilas
gustativas que os transformam em cores.
Uma voz em forma de saudade baixa à
partir da matéria que se foi
Antimatéria que dá forma a uma
ausência
Dispositivo de afectos bombeados nas
artérias do espírito
O homem – árvore acoplado ao desejo
não é homem
É uma criança e um pássaro
É o corpo – engrenagem que faz
passar desejo pelos póros
Infantis das vísceras sintéticas
Lucas Costa nasceu em 1997, é escritor e estudante de Filosofia.



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