04 poemas de Caio Bulla
Calmaria
toda e qualquer brisa
parecia desaparecida
como chamar
calmaria
se dá medo de morrer
antes de ressentir
qual a surpresa
de o vento voltar
a ter dedos
pontas dos dedos
afastar meus cabelos
e sussurrar
por onde você andava
e assoviar
uma canção de
reencontro
e zunir
reclamações de
abandono
por que me pergunta
se a resposta está no
seu sopro
eu não sei
também tenho me
questionado
sobre minhas janelas
fechadas
do que elas me mantêm
a salvo?
sem saída
coabitei
meus silêncios
meus vazios
meus sumiços
um limbo oco
de mim mesmo
agora sinto
impulsos de
preenchimento
uma nova resistência
porvir de fôlego
suficiente
para emergir de águas
passadas
mover ventos fracos
em redemoinhos
Fazendo verão
nos fios em frente ao
meu portão
descansa uma legião
de andorinhas
não que elas me
incomodem
mas jogo pedras em
sua direção
é melhor andar na
linha
ou voar em desordem?
não sei qual olhar
devo dirigir
aos malabaristas do
semáforo
me constrange o papel
de julgador
merecem moedas
ou baldes de água
fria?
nem sempre tenho as
moedas
tenho é meus próprios
malabares
mas pouco talento
ao jogá-los pelos
ares
passo mais
tempo
recolhendo os cacos
no fim da tarde tudo
penso
o que merecem é ter
às mãos
e sobre a mesa
o necessário
sem ter que
equilibrar as contas
nesses tempos de
sinal fechado
a palavra ejo
em quiniaruanda
significa
ontem e amanhã
ao mesmo tempo
como não pensei nisso
até hoje?
porque são mesmo
o mesmo tempo
o tempo do não ser
o tempo intocável
ejo
o contrário do
presente
e nada mais presente
do que o desejo
ávido
ejo
ontem e amanhã
o desejo
um não passado
um não futuro
urgência
de um ejo diferente
o ejo
ao não ser tempo
é o próprio tempo
do desejo
CAIO BULLA nasceu em 1991, em Maringá-PR.Graduado em Direito, é servidor público na cidade de Palmas. Seu livro de estreia, “afiado, asfixiado, aficionado” está em pré-venda pela Editora Folheando. Tem poemas publicados no blog Poesia na Alma.
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