BREVE LEITURA SOBRE O LIVRO ANFÍBIA DO ESCRITOR NATHAN SOUSA PUBLICADO PELA EDITORA FOLHEANDO - Por Ana Meireles

 



BREVE LEITURA SOBRE O LIVRO ANFÍBIA DO ESCRITOR NATHAN SOUSA PUBLICADO PELA EDITORA FOLHEANDO.

 

Anfíbia, este o intrigante título do livro de poesia de Nathan Sousa. Comecei a lê-lo sentindo o baforar do silêncio logo às primeiras páginas quando em “anfíbia” (poema da pág. 15) o poeta diz “Nasci para parir o esquecimento”.

Não me furtei de pensar como deve ser profundo parir o esquecimento. Daí logo me ocorreu a ideia geratriz (suponho) que dá nome ao livro. É quase uma dor de parto operar o esquecimento dentro de nós. E ao contrário do sentido comum e usual do termo parir, o parto de que se trata não é um evento de expulsão dentro/fora. O esquecimento se entende uma condição de apagamento interno. Talvez perfeitamente possível para os que já estão adaptados a viver no plano seco e também no plano molhado, os que sabem ser terra e água: anfíbia

Como disse o autor num verso do poema “colheita” (pág.17):

                                                                           

                         “Ante o que assola

                          e liberta

                          trama-se o falar

                          anônimo das pedras".                                                                                                      

 

É ressonante pensar em – a mulher e a canção - (pág.19) que

                                       “Por vezes o silêncio é

                                         tua aula maior.”

 

Nathan  Sousa tem um verso profundo, profuso e que irradia feixes nos pensamentos de quem o lê. Sendo subterrâneo e aquático nos faz beber inicialmente o salobro gosto do des-entendimento, para em seguida nos convidar a simplesmente sentir sua poética revirada pelos des-caminhos do encontro de si, revelando-se no poema “uma mancha no lenço”(pág.39), versos finais:

            “Sou esse estado de coisas:

              domesticado entre a saliva

              e o bote".                                                                                                         

                                                                                                

Anfíbia, sim, agora repercutiu dentro de mim. Usando os versos do citado poeta : “Estou de volta ao que não me pertence. Estou em casa.” E indago sobre o caminho de leitura que desvela a mágica epifania do sentir.

                               

               ANA MEIRELES





Variações: revista de literatura contemporânea 

VII Edição - todas as vozes

vozes que rompem  
Edição de Marcos Samuel Costa

2022

Comentários

  1. Maravilhoso sentir que desperta sensações variadas. Esse teu "beber o gosto salobro do des- entendimento" é mais que um convite. Visgo total. Bravo, Amiga

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