três poemas de Jonas Pessoa
SEMÂNTICA DA VIDA
A mais dura semântica da vida
é esta antonímia:
encadeamento
de anagramas
em que noivam
dor e amor.
Há sempre um outono oxidando
o sorriso que se prende
fechado nos parêntesis
no meio de destino
malsucedido.
Um barbarismo abre
um sintagma doentio
e a vida ganha
sentidos díspares,
fazendo insano
o mundo e as flores
caídas na primavera.
Os lábios se estranham,
o beijo não é mais
o elo entre dois amores.
No fim, o que se tem
nas mãos é o vazio,
verdadeiro sentido
das coisas,
das gentes
ao nosso redor.
é esta antonímia:
encadeamento
de anagramas
em que noivam
dor e amor.
o sorriso que se prende
fechado nos parêntesis
no meio de destino
malsucedido.
um sintagma doentio
e a vida ganha
sentidos díspares,
fazendo insano
caídas na primavera.
o beijo não é mais
o elo entre dois amores.
nas mãos é o vazio,
verdadeiro sentido
das coisas,
das gentes
ao nosso redor.
CONTRAMÃO
Meu ser me estranha,
estou parado em mim,
o agito do mundo
cala-se na minha pele;
estou viciado em silêncio.
Caminho no oposto de tudo,
abro a porta devagar,
não deixo vestígios
de algazarra,
de alarde.
Não me ocupo de febre,
no meu caminho,
os únicos rastros
são os meus,
sou impercorrível.
Pouco ou nada
espero dos outros,
por isso me basto
no caminho
de contramão,
fugindo do lugar
onde todos
possam me encontrar.
ESCÁRNIO
Fosse o vento poesia,
a pena de minha condenação
seria música ecoando
por entre as grades da solidão.
A brisa seria
o prêmio como em
um encontro
de quatro lábios.
Muito da nudez humana
é dúvida e medo
abraçados
dentro de nós.
No escuro da noite,
quem ensopava um indigente
alegava lavar
uma vergonha social.
Estava outro dia
no meio de uma
viagem
quando me convidaram
a descer do sonho
e embarcar na dureza da vida
O chão está sujo,
falta-me cor -
agem
para ag
(ir) (a) onde
se pede
so
(corro).
a pena de minha condenação
seria música ecoando
por entre as grades da solidão.
o prêmio como em
um encontro
de quatro lábios.
é dúvida e medo
abraçados
dentro de nós.
quem ensopava um indigente
alegava lavar
uma vergonha social.
no meio de uma
viagem
quando me convidaram
a descer do sonho
e embarcar na dureza da vida
falta-me cor -
agem
para ag
(ir) (a) onde
se pede
so
(corro).
Jonas Pessoa
do Nascimento é cearense, formado em Letras, professor de Língua Portuguesa no
Distrito Federal. Foi vencedor de prêmios literários como: Salão de Dezembro de
Poesia, da Fundação da memória Republicana – memorial José Sarney – Maranhão
1993, I Prêmio Literário do Amazonas. É autor de: O Grito (2010), Pedaços
da Existência (2013), Palavras Trocadas (2015), Faces da
(In)Diferença (2016), Lamentos (2017) Diagnostico Duvidoso
(2020), livros lançados em plataforma do Cubedeautores.com.br
Em 2018,
por ter vencido o I prêmio de Literatura do Amazonas, lançou Chão Partido
pela editora Kazuá.
Variações: revista de literatura contemporânea
VIII Edição - Vozes que não
param de gritar
param de gritar
Edição de Marcos Samuel Costa
2022
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