Academias - Gutemberg Armando Diniz Guerra




 Academias


Gutemberg Armando Diniz Guerra

Engenheiro agrônomo



Os costumes vão se modificando e nos fazendo seguir um caminho sem volta em todos os sentidos, para o bem e para o mal. As academias fazem bem aos que podem custear e as frequentam diariamente, moldando seus corpos e mentes, praticando atividades físicas controladas por sofisticados programas de inteligência artificial, monitorados por instrutores nem sempre suficientes e atentos ao que se está fazendo, mas melhor do que se fazer aleatoriamente e sem critérios o que os médicos e nutricionistas cada vez mais recomendam.

Os que faziam atividade física regular eram, geralmente e em sua maioria, atletas, amadores ou profissionais, de modalidades específicas, em particular as mais publicizadas e estimuladas pela mídia escrita, falada, televisiva e modernamente pelas redes sociais e mídias virtuais. Eram poucos os estabelecimentos e espaços destinados a esses fins, algumas vezes para treinamento de lutadores de boxe, lutas marciais, halterofilistas. Haviam os espaços públicos para a prática de esportes em campos de futebol e nas praias, sendo considerados luxos os que tinham ou podiam ter acesso a quadras de tenis, piscinas, futebol de salão e, mais ainda, a conjuntos específicos de aparelhos para musculação, pilates, fisioterapia. 

A proliferação e o enchimento dos espaços destinados à atividade física aumentou vertiginosamente nas últimas décadas, constituindo-se em um fenômeno que merece atenção, tanto quanto o número de pessoas que fazem corridas, caminhadas, ciclismo, trilhas em motocicletas e bicicletas, windsurf e outras modalidades.

Como em outras atividades em que tentei me disciplinar, frequentei vários espaços tentando manter um mínimo de condicionamento muscular, o que posso listar desde as areias das praias, quadras abertas e campinhos pelados ou gramados de Salvador, Cruz das Almas, Alagoinhas e Condeúba, as quadras de esporte das escolas em que estudei, natação nas praias da Ribeira, piscina do Clube de Regatas Itapagipe, açudes, regatos e cachoeiras do Nordeste, rios e igarapés da Amazônia, grupos de capoeira na Escola de Agronomia e em Salvador, longas caminhadas às margens do Sena em Paris, Rio Hudson em Nova York, Tejo em Lisboa, academias aqui e ali por onde andei, de Salvador, Brasília e mais ainda em Belém onde me fixei e comecei a fazer um acompanhamento mais cuidadoso da saúde, o que se faz necessário e, porque não dizer, imprescindível com o avançar da idade!

Com toda a interpretação que se possa fazer dos meus esforços atléticos, as falhas são muitas e só vamos percebendo na medida em que o corpo vai exigindo mais e mais de nós mesmos e de assessorias que se fazem mais do que necessárias para manter a musculatura e as articulações em forma.

Fui obrigado, depois de uma artoplastia de quadril, trocando a cabeça do femur corroída por uma bem redondinha e lubrificada, a fazer oito meses de fisioterapia e fazer musculação para fortalecer o feixe de músculos cortados para o implante. Obedeci, rigorosamente, ao que recomendavam os médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e treinadores nas academias que frequentei. Fiquei com uma performance que eu mesmo admiro depois do susto que levei, pensando que ia ficar com os movimentos limitados e uma manquitolância incorporada. 

Em Belém, entrei em uma academia a pouco mais de 100 metros de casa. Todos os dias chegava, pegava a ficha e seguia as recomendações do instrutor que hora ou outra me corrigia um movimento aqui, outro ali. Depois me mudei para Salinópolis e frequentei outra academia mas com a pandemia tive que montar um sistema de atividades físicas no sítio onde passei a residir. Um treinador pessoal me acompanhava três vezes por semana, e era muito bom, embora mais oneroso que o treino nas academias. Passada a pandemia, voltei para a academia e prossegui os passos planejados pelo instrutor. Voltei para Belém e a academia que eu frequentara tinha fechado. Entrei em outra, e fiquei alguns meses, depois praticando os exercícios na academia do próprio condomínio, sem instrutor e sem a mesma eficácia. Fiquei fazendo caminhadas nas ruas e praças da cidade, de 4 a 6 km diariamente, mas sentindo falta de maior rigor nos exercícios. 

O fato é que mais do que lugar de exercícios físicos, as academias são lugares de socialização e vivências as mais diversas, o que entretanto pode tirar o foco da finalidade a que se propõem. Mas isso é para outro momento de conversa e reflexão. Por enquanto, em academias ou fora delas, vamos malhar e mexer o esqueleto para não enferrujar e enfrentar o avançar da idade com saúde e alegria!...

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