Jagarajó - por Paulo Nunes

 



Minha trajetória de leitor em 2024 cerra-se com JAGARAJÓ, de Ernesto Feio Boulhosa, editado pela Cromos, criada pelo saudoso Cláudio Cardoso; trata-se de um livro de um autor icônico do 'Marajó dos campos': Ernesto Feio Boulhosa. Com EFB nossa literatura experimenta provavelmente o maior memorialista depois do irretocável Alfredo Oliveira, autor, entre outros, de O Touro Passa?... Estou aqui a me referir à narrativa memorialista, não o modo fortuito de escrever, mas como categoria do gênero narrativo, aquele que Emil Staiger classificou como escrita de "apresentação" que ao narrar atualiza o tempo passado. Creio que quem deseja conhecer situações e tipos marcantes do passado de Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari não pode deixar de ler EFB.

Este Jagarajó, além de tudo, define-se no campo da das econarrativas: poesia e denúncias reunidas nas 178 páginas de uma escrita fluídica e envolvente. O autor faz, com a propriedade de uma experiência testemunhal, um 'raio X' das destruição da natureza e da cultura de Jagarajó. 

O livro é importante pelas pistas que deixa a antropólogos, folcloristas, historiadores, geógrafos e pesquisadores de plantão. 

Creio que Jagarajó de tão interessante, poderia ter uma edição especial, com Mapas e fotos históricas do local representado no livro, uma revisão mais rigorosa, mas nada macula o vigor e a beleza desta experiência literária que revolve as entranhas de um certo Marajó que fala tanto ao meu coração... procurem Jagarajó nas melhores casas do ramo. E feliz leituras novas em 2025

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