Resenha: UMA LEITURA É UMA TRAVESSIA, UMA CHEGADA A UM PORTO, UM TEXTO… - POR ANA MEIRELES
UMA LEITURA É UMA TRAVESSIA, UMA CHEGADA A UM PORTO, UM TEXTO…
Uma travessia sugere a ideia de um percurso. No caso do Livro de Rian Moreira “LONGA TRAVESSIA SER A DENTRO“, infere-se o desejo de um percurso renovado, não mais atravessado por imagens já vividas. O desejo do autor é outro: escapar dos estereótipos, dos clichês, das repetições que permeiam o complexo mundo da construção do eu. Daí entra em confabulação com a voz insubmissa da linguagem a fim de buscar transcender a imagem retida de sua Rosa Necrosada, título do seu primeiro livro.
Rian Moreira, reservando o direito de expressar um ponto de vista pessoal, digo, envereda por um caminho de travessia que diverge do tradicional preenchido por regras. Sua poética é elaborada, neste - Longa Travessia Ser a Dentro – por meio de versos onde emerge a aparente impressão de uma angústia vivencial.
O tempo é um muro em que almeja ultrapassar, deixar para trás um Eu que já não reconhece. Desta forma é plena a busca íntima no curso do Rio da vida. Esta que, por vezes, lhe soa como uma ilusão, um engano, impactante sob a ótica do velar e desvelar poético. Assim, se enfronha por meio de uma linguagem quase ressentida; Uma voz irônica, debochada, sem qualquer intenção de omitir as ranhuras do viver, “os efeitos do tempo sobre um homem”, enquanto um aprendiz da vida.
Desta forma é que advém a consciência da necessidade de despertar para o roubo do tempo na autossabotagem.
E prossegue o curso de sua travessia existencial concebendo a vida “ Um jeito de “Ser”. Pois que o mundo é uma velha engrenagem como diz um de seus versos (pág.29) que se mostram em repentinos cortes.
E, no mergulho dentro de si, o questionamento:
“ Poesia pra quê? Poesia pra quem?
Neste ponto, embora seu Eu rejeite, pronuncia-se um subentendido lamento, um desânimo, entre as frestas dos versos…E um lampejo de revolta irrompe e impulsiona. Diz: Isso aqui não é lamento “ é zombaria, pilhéria, deboche.
E a poesia de Rian é um mostruário da sociedade desigual e seus cadáveres, enquanto o tempo se esvai e deposita os fragmentos da história nas camadas constitutivas no sujeito. A história que na acepção poética do autor “ é cavalo que corre sem rumo “(pág.47).
E o novo sempre vem, e assim se vai o tempo, assim se vai…E um trunfo de um poeta É transformar aquilo que não se diz, Em dito. Viver à espera de que algo reluza (pág. 54).
E medita afirmando: “ A vida é um poema. Todo dia é um novo recomeço”.
E pondera concluindo que…
- “Na vida, mesmo depois da pena, há beleza” –
Ana MEIRELES
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