3 POEMAS DE GUSTAVO ADRIANO

 

Gustavo Adriano.


Espectro


I

Nos dias nublados
dói pensar sobre o
avesso das coisas.

Observar que
a planta cresça

à margem
do desespero.

Respirar o eco que
nos assombra.

 

II


Difícil abrigar a

dor vil
do coração.

Difícil e extremo
voo das palavras

(asas frágeis que
voam sobre ruínas).

Eis o desafio: achar
o fantasma que nos
absorve     lentamente.


Do que retorna


I

Uma coisa sem nome
e de um tempo antigo

paira sobre os ombros
                  devagarinho.

II


Os pássaros
da mocidade
são rememorados

à transparência
da realidade.


III


Na ausência da lucidez,
o espelho quebra-se

e o ciclo se interrompe:

a longa espera não
vale a perda da forma.



A palavra pelo núcleo


O que disse foi ignorado.
Partiu-se em vestígios
o som do eco.

O estilhaçado        ECO.

...........................................

(Fragmentou-se o
                            centro).

...........................................


E além do branco abismo:
a silente caminhada

rumo a mim mesmo.


Nota de edição: os poemas acima foram publicados no livro Voo sem direção, pela editora M.inimalismos, 2025.


Gustavo Adriano é poeta e professor de português e inglês. Tem 23 anos, é goiano e mora em Buriti Alegre. Lançou recentemente seu primeiro livro, Voo sem direção, pela editora independente M.inimalismos. Na poesia de Adriano, a palavra se recolhe para ganhar força, criando espaços de pausa e ressonância no leitor.


Variações: revista de literatura contemporânea
 XIII Edição - vidas fantasmas: poéticas assombrológicas
  Edição de Bruno Pacífico, 2025.

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