Quarentanos - poema de Jonas Furtado

Quarentanos
As vozes são claras
e
as escuto
As visões são fortes
e
as vejo
Sou um homem com muito de criança
ainda
e
minha vida acompanha os dias
Quarenta anos...
Relâmpagos incontáveis pelo funcionar
do universo
Um presente de Deus – proporção de
viver e sonhar
convivo
e assomo
O que passou também passará
O que advém também é nascituro
Já sei a que pertencem as sombras
A fuga da caverna me adultornou
Como e bebo o poema – a poesia
Como e bebo a vida – com poesia
Quarenta anos pouco é, e muito foi...
Não um acaso do tempo, mas a ânsia de
existência
Porque entendo tanto tanto e explico
mínimo
Nossa imperfeição nada perfeita
Nada no mistério óbvio de nossos oculos...
Se me perdi... quem me encontrou há
de me acompanhar...
Nadei, engatinhei...
Parado, andei...
Se sorri, também chorei
Quarenta... ões
...
vinte portas vinte chaves
Porque os beijos que foram tragados
pelos marajós
planejaram
o dobro que veio a mim
Fui na era de ser profissionais
vários
Com dor e com amor sou poeta, sou
professor...
Cantar...
As cantigas de roda das molecadas
estão no Google para serem pesquisadas
Vinte mais vinte salas de aula por
estudo e profissão
Quarenta e quarenta gols porque sou
ambidestro
(e não admito vis interpretações)
Inimigos? Quem sabe... alguns sem
interesse
Tenho histórias incontadas e
quarenta amigos no Face
Vinte, ma(i)s vinte – encontrar
_ Festejar e enamorar por fim...
Vinte, ma(i)s vinte – algo dizer
_ Sou filho de um serafim!
E o menino (quá, então?)
Tem
óculos para a leitura do que fica só na imaginação
Tem
expressivas linhas que se ligam ao coração
Ah, que vinte mais vinte conta
quarenta
na
matemática da vovó
Vinte, mas vinte! acrescenta só
realce
para
uma idade só
O meu rosto, Cecília, também muda
O meu endereço é mais além
Respiro palavras que invento
Porque vejo, o dicionário não tem
E à saudade dou tamanho fomento
Que no meu peito ela toda desnuda
Feito aquela estória cabeluda
Que causa ciúmes ao vento...
O silêncio tem mil palavras ininventadas
Que ouvidos jamais sentiram
Mas que pelo pensamento atiram
Sabores de ninfas deliciadas
“Vinte anos” escrevi faz vinte...
Mais vinte daqueles vinte lembro
Para dos quarenta vinte um dia
esquecer...
Intentos tantos me entornam tontos
São vozes dos vieses das vias por
onde vaguei
É hora de sentir-me pronto
De coração definido agora (sem
brincadeira?!)
Seguirei mais seguro para as buscas
mais escritas
Farei do meu equilíbrio de vida
Uma história bonita e verdadeira.
Jonas Furtado da Silva é formado em Letras pela UFPA com extensão em Linguística. Professor Especialista em Língua Portuguesa e Literatura. Já conquistou prêmios nas participações em concursos literários. Publicações: Um poeta de Ponta (Cejup, 2007 / Cultural Brasil 2015), O poeta - novela (Cpoema 2010), Pedaços inteiros de poesia – haicais (Giostri, 2015), Memórias mim (Giostri, 2016).
Também
publica seus escritos no sítio: https://jonasfurtado.com
Telefone: (91) 98498 50 50
E-mail: jfurtadosil@gmail.com
curadoria e edição de marcos samuel costa
variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição
Grande!
ResponderExcluir