Quarentanos - poema de Jonas Furtado

                       28 Melhores Ideias de Djanira (1914-1979) | Pintoras brasileiras ...
                                                                  (djanira, reprodução)

Quarentanos

 

 

As vozes são claras

                               e as escuto

As visões são fortes

                               e as vejo

 

Sou um homem com muito de criança ainda

                               e minha vida acompanha os dias

 

Quarenta anos...

Relâmpagos incontáveis pelo funcionar do universo

Um presente de Deus – proporção de viver e sonhar

                               convivo e assomo

 

O que passou também passará

O que advém também é nascituro

Já sei a que pertencem as sombras

A fuga da caverna me adultornou

 

Como e bebo o poema – a poesia

Como e bebo a vida – com poesia

 

Quarenta anos pouco é, e muito foi...

Não um acaso do tempo, mas a ânsia de existência

Porque entendo tanto tanto e explico mínimo

 

Nossa imperfeição nada perfeita

Nada no mistério óbvio de nossos oculos...

 

Se me perdi... quem me encontrou há de me acompanhar...

Nadei, engatinhei...

Parado, andei...

Se sorri, também chorei

 

Quarenta... ões

               ... vinte portas vinte chaves

Porque os beijos que foram tragados pelos marajós

               planejaram o dobro que veio a mim

 

Fui na era de ser profissionais vários

Com dor e com amor sou poeta, sou professor...

 

Cantar...

As cantigas de roda das molecadas estão no Google para serem pesquisadas

 

Vinte mais vinte salas de aula por estudo e profissão

Quarenta e quarenta gols porque sou ambidestro

(e não admito vis interpretações)

 

Inimigos? Quem sabe... alguns sem interesse

Tenho histórias incontadas e quarenta amigos no Face

 

Vinte, ma(i)s vinte – encontrar

_ Festejar e enamorar por fim...

Vinte, ma(i)s vinte – algo dizer

_ Sou filho de um serafim!

 

E o menino (quá, então?)

                  Tem óculos para a leitura do que fica só na imaginação

                  Tem expressivas linhas que se ligam ao coração

 

Ah, que vinte mais vinte conta quarenta

                           na matemática da vovó

Vinte, mas vinte! acrescenta só realce

                           para uma idade só

 

O meu rosto, Cecília, também muda

O meu endereço é mais além

Respiro palavras que invento

Porque vejo, o dicionário não tem

E à saudade dou tamanho fomento

Que no meu peito ela toda desnuda

Feito aquela estória cabeluda

Que causa ciúmes ao vento...

 

O silêncio tem mil palavras ininventadas

Que ouvidos jamais sentiram

Mas que pelo pensamento atiram

Sabores de ninfas deliciadas

 

“Vinte anos” escrevi faz vinte...

Mais vinte daqueles vinte lembro

Para dos quarenta vinte um dia esquecer...

 

Intentos tantos me entornam tontos

São vozes dos vieses das vias por onde vaguei

 

É hora de sentir-me pronto

De coração definido agora (sem brincadeira?!)

Seguirei mais seguro para as buscas mais escritas

Farei do meu equilíbrio de vida

Uma história bonita e verdadeira.

 

Jonas Furtado da Silva é formado em Letras pela UFPA com extensão em Linguística. Professor Especialista em Língua Portuguesa e Literatura. Já conquistou prêmios nas participações em concursos literários. Publicações: Um poeta de Ponta (Cejup, 2007 / Cultural Brasil 2015), O poeta - novela (Cpoema 2010), Pedaços inteiros de poesia – haicais (Giostri, 2015), Memórias mim (Giostri, 2016).

Também publica seus escritos no sítio: https://jonasfurtado.com

Telefone: (91) 98498 50 50

E-mail: jfurtadosil@gmail.com

 

 

curadoria e edição de marcos samuel costa

variações revista de literatura contemporânea

2020

I edição

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