BABAÇU LÂMINA - POEMAS | CARVALHO JUNIOR, CELSO BORGES & CLARISSA MACEDO
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DAS SEMENTES QUE ME VESTEM E VIVEM
uma semente de sombrião e outra de babaçu apenas.
tudo o que levarei comigo neste voo luminoso.
os meus trinta e nove quilos de saudade e lágrima
não cabem no corpo de um balão perdido no ar.
CARVALHO JUNIOR
***
FASCISMO
bolsonaro moro damares dória mourão
damoro mouranaro
bolsomares dourão
bolsomoro dorinaro
mourares damourão
momares danaro
morória bolsomourão
dadória damonaro
bolsória momourão
farinha
do
mesmo
asco
Celso Borges
***
DESCONHECIDA
As utopias acabaram
em nome da televisão,
um erro feito
pelo preço do petróleo
Eu te amo, tu me amas
e o verbo já não pode mar
Em nome de Cristo
muitas guerras foram dadas
em nome da dívida
uma tristeza no tronco do país.
Todos os mestres morreram
e na tua carne se desenha
traços que inauguram um título
baralho aberto no avesso da palavra,
asa feita de corpo e de coragem
O mundo agora
cruza um lago sem memória
e em alguns anos
estaremos mais pobres
mais burros
mais tristes
na alma
e no prato ( )
Cresce um rasgo
em massa e sem história
na palavra-passe chamada pátria –
essa nódoa, essa traça
esse vazio imenso do nome
no mito de um tempo chamado aflição.
Clarissa Macedo
SOBRE OS/AS AUTORES/AS
CARVALHO JUNIOR (Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior, Caxias/MA, 1985). Professor, ativista cultural, gestor público e poeta brasileiro. Vencedor do Troféu Nauro Machado, categoria poema, no I Festival Maranhense de Conto e Poesia (Universidade Estadual do Maranhão, 2015). Publicou os livros de poemas Mulheres de Carvalho (Café & Lápis, São Luís, 2011), A Rua do Sol e da Lua (Scortecci, São Paulo, 2013), Dança dos dísticos (Editora Patuá, São Paulo, 2014), No alto da ladeira de pedra (Editora Patuá, São Paulo, 2017) e O homem-tijubina & outras cipoadas entre as folhagens da malícia (Editora Patuá, São Paulo, 2019). Organizou a antologia Babaçu Lâmina – 39 poemas (Editora Patuá, São Paulo, 2019), tendo organizado, também, anteriormente, em parcerias, a Antologia Poetas Locais Integrantes da Noite Universal (e-book, 2019, org. com Ricardo Leão) e a antologia/caderno de poemas Quibano: 15 poetas do Maranhão (Appaloosa Books, 2017, org. com Antonio Aílton). Membro da Academia Caxiense de Letras e da ASLEAMA, pesquisa vida e obra do poeta Déo Silva. Realiza, com algumas parcerias, o sarau/encontro de poesia Na Pele da Palavra e faz parte dos coletivos de autores Academia Fantaxma e Os Integrantes da Noite. Participou com o poema Abrigos da Exposição POESIA AGORA (Itaú Cultural, Rio de Janeiro, 2017). Foi o curador da Exposição Sementes de Poesia, em Caxias/MA, no espaço do Caxias Shopping Center (2018). Edita a página de poesia Quatetê. Integra o Conselho Editorial do Círculo Poético de Xique-Xique. Tem poemas publicados em jornais, antologias literárias e revistas do Brasil e do exterior. Possui poemas vertidos para o espanhol pelo poeta Antonio Torres.
Celso Borges |São Luís/Maranhão/Brasil|. Poeta, jornalista e letrista. Parceiro de Chico César, Fagner, Criolina, Gerson da Conceição, Assis Medeiros, Nosly e Zeca Baleiro, entre outros. Tem 14 livros de poesia publicados, entre eles Pelo avesso (1985); Persona non grata (1990); NRA (1996), XXI (2000), Música (2006), Belle Époque (2010) e O futuro tem o coração antigo (2013). Desde 2005 desenvolve projetos de poesia no palco. Borges tem poemas publicados em várias revistas de literatura, entre elas Coyote, Poesia Sempre, Oroboro e Acrobata. Foi curador da Feira do Livro de São Luís em 2013 e 2014. Publicou, recentemente, a caixa de poemas CarimboCarinho (2019).
Clarissa Macedo |Salvador/Bahia/Brasil|. Escritora, revisora, professora e pesquisadora, doutora em Literatura e Cultura. Apresenta-se em eventos pelo Brasil e exterior. Integra coletâneas, revistas, blogs e sites. Publicou a plaquete O trem vermelho que partiu das cinzas (Pedra Palavra, 2014) e o livro Na pata do cavalo há sete abismos (Prêmio Nacional da Academia de Letras da Bahia, 2014; em 2ª edição pela Penalux, 2017; e traduzido ao espanhol por Verónica Aranda, editorial Polibea, 2017). Integrou, em 2018, o Circuito de Escritores pelo Arte da Palavra, promovido pelo SESC. Lançou, mais recentemente, o livro O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição (Ofícios Terrestres Edições, 2019).


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