Oscila entre metades - ficção de Auridéa Moraes

Djanira | Enciclopédia Itaú Cultural
(Djanira, reprodução)
 

ATHENAS


Quando o delírio se lança na voz trêmula e exigente das palavras fazendo eco; nada crepita no estampado das cores, no enigma da alma e no sopro das estações. Alguns pontos sobrenaturais traçam os arremates que foram costurados em linhas retas, estradas abissais e paradas Athenais. O previsto era: temporário momentâneo e instintivo.  Quisera o destino desfazer o que previa a memória. A base sólida surgiu de um elemento emergido e consentido. E o que era apenas rascunho, virou um livro inacabado, cada página uma garoa, cada verso um universo.


VERSOS LIVRES E RIMA PROIBIDA



Ele sem pergunta alguma, ela sem querer ouvir nada. Um completa o outro, mas não se unem. Entre os espaços...  Fogo, chuva e estrelas, trio perfeito para viagens sem voltas; rumos embalados por um tempo que pressente o presente. Entre tréguas e cuidados, as varandas tornaram-se lugares de refúgios, os olhos oscilam em choros bem e mal chorados por não encontrarem a receita certa para dominar o que ali se espreita. É uma profundeza em superfície, é um trunfo para ser poesia, ofício da escrita e procura pelos versos; mas não da rima. São relatórios confessos e confidenciais, coragens evidentes e frágeis, revestidas de simples camadas de subsistência. A raiz é fixa...  A folhagem não. 
O silêncio é turvo... O segredo não. 
O olhar é ausente...  A memória não.
São registros de um tempo que oscila entre metades: solidão e espera.




Auridéa Moraes nasceu em Castanhal, no Pará, estado de grandes nomes e referenciais literários. Reside em Marabá desde 2002; veio passear e encantou-se com a Boiuna, a Porca de Bobes e a beleza dos rios que cercam a cidade. E na bela cidade de tantos encantos – Marabá  – publicou seu primeiro livro e desenvolveu ousadia  para continuar sonhando, imaginando, escrevendo,  sumindo do mapa e ainda assim permanecendo no mesmo lugar. É membro da Associação dos Escritores do 
Sul e Sudeste do Pará (AESSP) e membro fundador da Academia de Letras de Rondon do Pará e Região (ALERPRE), onde ocupa a cadeira nº 6, sendo patroneada pela escritora, poeta e jornalista carioca Adalgisa Nery (1905–1980)




curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição 

Comentários

  1. “E o que era apenas rascunho, virou um livro inacabado, cada página uma garoa, cada verso um universo.”

    Li os textos da Auridéa Moraes como se com ela estivesse tomando um gostoso café e comendo uma tapioca. Tudo especialmente delicioso: Textos, café e tapioca.

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    1. Ô amiga, obrigada...E não vejo a hora desse cafezinho.
      Um beijão

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