Escrito ao Vento - crônica de Ana Meireles

Escrito ao Vento...
Aquele escrito do décimo dia do quarto mês do ano, aquele, escrito logo após o teu aniversário, havia sido o último, o que encerrava de vez a sua impertinente e obcecada coragem de escrever para o vento que , ousadamente, entrou em sua vida sem sequer pedir licença para entrar ou mesmo para sair.
Entrou em sua casa como se entra sem ao menos bater à porta e olhar os espaços já ocupados. Foi, sem lenga-lenga ou nove horas, entrando com tudo e até se achando no direito de revelar que não gostava das coisas rasas, rasteiras e de superfície.
Se dizia um apreciador das profundezas: Céu ou inferno, rio , mar ou oceano. Definitivamente se posicionava pela profundidade subterrânea, nada mais lhe era desagradável que a comum e repulsiva superfície. E ela, a professorinha, acreditou nisso até o dia em que um bloco de papel caiu de cima do armário e sobre sua cabeça despejou palavras de acordar.
E remexida pela inusitada pancada na razão, reconheceu no rasgo do pensamento consciente, que aquele vento era tão e somente um mundo de palavras , um mundo que a poesia o vazio transformava.
Mas que não havia nada, nada de vazão mais aprofundada, a não ser a silenciosa solidão que habitava a melancolia daquela casa-ilha.
Refletia sobre quantas folhas de papel foi preciso cair e desabar um mundo em sua cabeça inclinada a romantizar. Era por demais lógico que aquela alma estava respirando, mas não entendia de asas.
Pois, se entendesse, saberia consertar palavras, arrumar jeitinhos e, na sutileza, articular, para não atingir inexperientes passarinhos a cujos cantos a experiência da vida pouco mostrara.
Agora , finalmente, já sabia que se tratava de uma dolorosa constatação. E se perguntava agora o que fazer? Dizia de si para si, que era impossível apagar um mundo, depois de criado no terreno da afeição.
Sim, muitas vezes, do outro lado da margem havia impressão de proximidade, mas o vento acostumado a oscilações, abafava a posição do vazio e encobria a percepção dos olhos, fazendo com que vagasse in-certezas.
E um mundo, depois que se conhece é um pequeno universo que o peito aquece. E um peito aquecido, é um peito preenchido em espaços de afetos.
Há,neste, em borbulhas de Calor , uma voz que Sempre diz: Tenha fé, tenha Amor, tenha gratidão!
Entrou em sua casa como se entra sem ao menos bater à porta e olhar os espaços já ocupados. Foi, sem lenga-lenga ou nove horas, entrando com tudo e até se achando no direito de revelar que não gostava das coisas rasas, rasteiras e de superfície.
Se dizia um apreciador das profundezas: Céu ou inferno, rio , mar ou oceano. Definitivamente se posicionava pela profundidade subterrânea, nada mais lhe era desagradável que a comum e repulsiva superfície. E ela, a professorinha, acreditou nisso até o dia em que um bloco de papel caiu de cima do armário e sobre sua cabeça despejou palavras de acordar.
E remexida pela inusitada pancada na razão, reconheceu no rasgo do pensamento consciente, que aquele vento era tão e somente um mundo de palavras , um mundo que a poesia o vazio transformava.
Mas que não havia nada, nada de vazão mais aprofundada, a não ser a silenciosa solidão que habitava a melancolia daquela casa-ilha.
Refletia sobre quantas folhas de papel foi preciso cair e desabar um mundo em sua cabeça inclinada a romantizar. Era por demais lógico que aquela alma estava respirando, mas não entendia de asas.
Pois, se entendesse, saberia consertar palavras, arrumar jeitinhos e, na sutileza, articular, para não atingir inexperientes passarinhos a cujos cantos a experiência da vida pouco mostrara.
Agora , finalmente, já sabia que se tratava de uma dolorosa constatação. E se perguntava agora o que fazer? Dizia de si para si, que era impossível apagar um mundo, depois de criado no terreno da afeição.
Sim, muitas vezes, do outro lado da margem havia impressão de proximidade, mas o vento acostumado a oscilações, abafava a posição do vazio e encobria a percepção dos olhos, fazendo com que vagasse in-certezas.
E um mundo, depois que se conhece é um pequeno universo que o peito aquece. E um peito aquecido, é um peito preenchido em espaços de afetos.
Há,neste, em borbulhas de Calor , uma voz que Sempre diz: Tenha fé, tenha Amor, tenha gratidão!
ANA MEIRELES - é poeta e cronista - nasceu em Icoaraci Distrito de Belém do Pará em um belo domingo de Páscoa como dito por sua querida mãe Leila. Atualmente é servidora pública com formação em psicologia pela UFPA. Tem diversos livros publicados, entre poesia e crônica, esse ano faz sua publica seu primeiro livro infantil.

curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
I edição

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Excelente. Sou fã das crônicas da Ana Meireles
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