Entrevista com Alerto Bia



Entrevista com o poeta Alerto Bia 


A Revista Variações entrevistou via WhatsApp o referido escritor, no dia 28/12/2021. Um dos objetivos é oportunizar vozes tão dissonantes como de Alerto Bia e mostrar como a literatura contemporânea vem rompendo paradigmas. 


Revista Variações: Alerto, sobre o processo de criação do teu livro, quais influências trazes na bagagem?

Herberto, Steven, celan, simic, etc são algumas das várias vozes poéticas que me influenciam, afinal não se faz uma voz com única referência.


R. V.: Como sentes que o público lidou com o livro? Como foi o retorno sobre a obra?

Livros são túmulos (tornam-se livros quando se abrem as páginas e suas palavras saltam para a vida). Através de lampejos de recensões a mim endereçadas, percebo: houve a ressurreição da palavra.


R. V.: Como tu enxergas a obra hoje depois de publicada? Mudaria alguma coisa? Mexeria em algum poema?

Acontece cada vez que (re)leio os textos, há sempre uma poda a exigir com os versos, e esse rastro de rigor nos persegue pelo resto da vida.


R. V.: Como tu se enxergas como poeta? Quais os desafios da tua geração como escritor?


Guardo um receio enorme com o rótulo poeta. Olho ao rótulo poeta com a distância de um simples compositor de versos. A mim o ser poeta nunca se é, e é sempre se foi. A poesia não é coisa normal, então busco uma relação com as dobradiças da linguagem.


R. V.: Qual tema teu o livro aborda? E quais caminhos te levou a essa escolha?


Abarco nesta obra uma diversidade temática do estado íntimo do ente. Na apreensão do estado da alma pelos tempos actuais, há uma forte temática voltada para a própria cura da alma nestes tempos de distanciamento social, e de quarentena. Ainda abordo aspectos do próprio escopro da palavra, a solidão da escrita – o tedium que encobre a alma criativa. Há exaltação do amor como o fardo que carregamos no coração, afinal o coração é uma nação. E por último, a nostalgia onde exprimo a insolência de um lugar com vidas esquecidas, espécie de um covil.


R. V.: Achas que a Revista Variações colabora para a promoção da literatura atual?


Sim, ao publicar novas vozes é um sinal inequívoco de romper com o cânone.




Alerto Bia nasceu a 02 de Março, na Província de Inhambane, e está Associado ao Clube de Escritores, Poetas e Amigos do Niassa (CEPAN). Sonhar é ressuscitar marcou a sua estreia em livro. Em 2017, publicou Sombras cálidas, sob a chancela da Editora do Carmo, Brasil. Possui uma publicação dispersa de textos em prosa e poesia neste jornal, na Revista Literatas e no Blogue Mbenga. Ano passado, foi distinguido em 4º Lugar no IV Concurso Internacional de Poesia – Prémio Cecília Meireles. Vive há 11 anos em Lichinga, Niassa.



Variações: revista de literatura contemporânea 

VII Edição - todas as vozes
vozes que rompem  
Edição de Marcos Samuel Costa

2022


Comentários

Postagens mais visitadas