Tudo que no tempo refaz - crônica de Ana Meireles

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(William Turner, reprodução)



TUDO QUE NO TEMPO REFAZ 


Providenciei dos sonhos a bagagem para recomeçar. Estava há muito tempo vazia. Os livros da minha história todos já haviam sido lidos. A palavra como que parecia morta naquele profundo vazio...

Comecei a escrever cartas e enderecei à todos os meus amores, os antigos e os novos, inclusive os que não tive. Não, não pense que aqui me deserto numa despedida. Não!

Somente sigo as linhas do sentir que me escrevem no dia à dia. Neles prepondero aquisições, perdas , o que ganho, o que perco . E minhas falas em conversas com a alma são avulsas. 

Eu vivo dos meus pensamentos quando desencubro-os em palavras garranchadas. 

Eu vivo deles, nas noites e nos dias que me refazem no colo do amanhecer, jardim inscrito de promessas, leveduras de transformação.

Acordo para saborear cada doçura e amargor e vou no tempo me nutrindo , cerzindo a esperança com fé. Sempre tive a certeza que nasci para o grande amor. 

É com ele que sonho e, ao me sentir por vezes esvaziada, busco-o nas páginas dobradas da memória onde jaz o esquecimento do passado, o presente labora e a alma mira o futuro que me diz: Te refaz, enche novamente tua mala de sonhos e vai viajar. Viajo...! 




ANA MEIRELES - é poeta e cronista - nasceu em Icoaraci Distrito de Belém do Pará em um belo domingo de Páscoa como dito por sua querida mãe Leila. Atualmente é servidora pública com formação em psicologia pela UFPA. Tem diversos livros publicados, entre poesia e crônica, esse ano faz sua publica seu primeiro livro infantil. 


curadoria e edição de marcos samuel costa
Variações revista de literatura contemporânea
2020
II edição

Comentários

  1. Ana Meireles, parabéns pela crônica. Deixo aqui o comentário de que a considero uma das melhores cronistas que já li.

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    1. São sempre bem-vindas as palavras de incentivo. Obrigadão ! Bom Dia !

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  2. Parabéns pela crônica. Sempre um primor!!

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  3. Saudosismo na veia... Que os sonhos jamais desistam de nós! Parabéns, cronista, poeta, Ana Meireles!

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  4. Saudosismo na veia... Que os sonhos jamais desistam de nós! Parabéns, cronista, poeta, Ana Meireles!

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